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Bagnaia usa força da Ducati para aumentar pressão em Quartararo – Notícia de MotoGP – Grande Prêmio

A temporada 2022, certamente, não poderá concorrer ao prêmio de melhor roteiro original. Afinal, falta originalidade no que tem acontecido até aqui. Neste sábado (17), a Ducati mostrou mais uma vez por que está a um passo de garantir o título do Mundial de Construtores — o primeiro match-point é justamente em Aragão —, enquanto usou um estoque todinho de marca-texto para evidenciar que é ele — e só ele — quem consegue tirar a Yamaha todo o potencial que a moto tem a oferecer.

Não é de hoje que a Desmosedici é uma baita moto. É verdade que o jejum no Mundial de Pilotos segue desde 2007, mas muito mais por infortúnios dos pilotos do que por incapacidade da moto. Sob a batuta de Gigi Dall’Igna, a casa de Bolonha entrou nos eixos e hoje tem nas mãos um protótipo que funciona em todos os lugares e cada vez melhor.

Francesco Bagnaia faturou a pole em Aragão (Foto: Reprodução)

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A ‘vermelhinha’ virou um fantasma para a concorrência. E, ao que parece, quem mais tem tido os sonhos assombrados é . O francês está em ótima forma, é um piloto de muito talento, mas acaba pagando os pecados no confronto direto entre a força da Ducati — o motor superpotente da GP22 — e a fraqueza da Yamaha — um propulsor que peca em potência.

E essa foi, justamente, a receita do MotorLand. Pela quinta vez no ano, conquistou a pole-position. Com 1min46s069, o italiano estabeleceu um novo recorde para o traçado de Alcañiz e vai dividir a primeira linha da grelha com , que foi só 0s090 mais lento. Na prática, os dois inverteram o resultado de Misano, quando o australiano foi só 0s015 mais veloz que o companheiro de equipe, que perdeu a vaga na primeira fila por conta de uma punição. A trinca de Desmosedici na é completada por , que ficou a 0s244 do pupilo de .

“Estou muito contente com a volta, é das melhores que já fiz, tudo saiu perfeito. Só tinha medo na curva 2, sabia que tínhamos uma única oportunidade, a primeira, e ali o lado direito do pneu estava um pouco frio. Mas na volta eu acertei tudo, foi a minha melhor volta da vida, nunca fiz nada igual”, seguiu.

Na sexta-feira, enquanto a maioria dos pilotos se queixou de pouca aderência na pista, Pecco foi na contramão e considerou que o estado do asfalto estava bom. Neste sábado, o italiano deu uma mostra disso, baixando o recorde do traçado de Alcañiz.

“Honestamente, acho que nós pensávamos que a aderência aqui não seria tão boa, em comparação com Misano, mas fomos mais rápidos do que no ano passado, então acho que o nível de aderência foi melhor do que no ano passado. Não choveu e isso permitiu a melhora a cada sessão”, pontuou. “É difícil estimar como estará amanhã a pista na corrida depois da Moto2, mas será importante poder forçar desde as primeiras curvas e colocar o pneu na temporada o mais cedo possível para poder atacar desde o início”, avaliou.

Vivendo uma excelente fase, com vitórias em sequência, Bagnaia ainda pontuou as diferenças entre as Desmosedici de fábrica, que fizeram uma dobradinha na ponta do grid, e as motos satélites, já que conseguiu o terceiro posto.

Fabio Quartararo prevê um domingo difícil em Aragão (Foto: Yamaha)

“A nova carenagem nos ajudou muitíssimo para fechar as linhas nas curvas fechadas. Isso nos permite fechar melhor e ter um ritmo de curva mais rápido”, comentou.

Enquanto Bagnaia é o retrato da felicidade, Quartararo é a face da preocupação. O piloto de Nice viajou sabendo que a pista, uma das poucas anti-horárias do calendário, seria um problema para a Yamaha, não pela quantidade de curvas para a esquerda — dez, contra sete para a direita —, mas pelas duas retas no trecho final do circuito projetado por Hermann Tilke.

Em um mundo sem Ducati, talvez a YZR-M1 passasse ilesa desse sofrimento, mas, com as Desmosedici em cena, a coisa fica difícil. No Speed Trap desta tarde em , Bastianini atingiu a velocidade de 354,1 km/h, a maior da sessão, enquanto Fabio ficou no penúltimo posto, 341,8 km/h.

Tal qual previsto, o quarto setor teve um impacto decisivo no resultado de Quartararo, que acabou cercado de Ducati no grid. Com duas longas retas, o trecho da pista explorou o déficit de potência da Yamaha e viu o francês ficar a 0s733 de Pecco, com quatro Desmosedici diante — Johann Zarco larga em quarto — e mais mais duas imediatamente atrás — e são sétimo e oitavo.

Questionado se tem algum plano para neutralizar o quarto setor no GP de , ‘El Diablo’ respondeu: “Não existe um plano legal! É assim, nós sabemos. Usamos a análise em vídeo da última curva para ver exatamente e não perdemos tempo lá, então sabemos onde estão os 0s4 [que estamos perdendo nas retas]. E se você somar isso em 23 voltas, é muita coisa”.

Apesar de ter saído desapontado com o resultado, Quartararo foi muito melhor do que os colegas de marca. A segunda Yamaha no grid é a de , que vai sair apenas em 19º. Franco Morbidelli vem logo atrás, com na 23ª e última colocação.

“Quando você faz isso a primeira vez, é bom. Mas quando você olha a primeira saída, tem parciais vermelhas até o último setor e aí cruza a linha de chegada em sexto por 0s4…”, lamentou. “No fim, podemos ficar orgulhosos, mas… Tem muita coisa, muitas palavras ruins na minha cabeça. Mas estou começando a me acostumar e sabemos onde perdemos esses 0s4”, sublinhou.

“Dei o máximo de mim. Talvez pudesse ter melhorado meu tempo de volta, mas não a posição, se não tivesse perdido a frente na curva 2. Então fiz meu melhor tempo de volta na segunda tentativa. Mas não é uma grande mudança, não teria melhorado 0s5”, ponderou.

Assim como em Misano, Quartararo sabe que, sem uma largada perfeita e uma boa primeira volta, as chances de vitória escorrem pelo ralo.

“É uma pena, porque estou super feliz com o meu ritmo. Me sinto muito bem. Sinto que temos ritmo para lutar pela vitória. Mas tem sido exatamente a mesma coisa desde o início do ano”, comentou. “Posso ter uma boa corrida ou um ritmo mais rápido do que os outros, mas, na corrida, vou ficar para trás. O problema é esse. A classificação é super importante”, destacou.

“A sexta colocação de hoje foi o máximo, máximo, máximo… [mas] acho que ainda podemos fazer algo ótimo amanhã”, opinou.

Antes mesmo de embarcar para , Fabio já previa problemas no MotorLand, um traçado onde nunca conseguiu nada melhor do que a quinta colocação. Ainda assim, o cuidado com os pneus pode ser uma peça chave para a corrida.

“Como não começamos na pole-position, acho que vamos largar com uma pressão mais baixa, pois estaremos atrás de pelo menos algumas motos e aí a pressão vai subir”, ponderou. “Esse é o problema, pois preciso forçar muito na freada e ver se a pressão não sobe muito. Esse será o maior [problema] amanhã: a pressão do pneu dianteiro”, indicou.

“Na largada, teremos de ser cuidadosos, mas também agressivos, pois preciso correr muitos riscos na primeira volta. Então vou tentar aquecer os pneus realmente bem na volta de formação e ver como vai”, falou. “Vou precisar fazer ultrapassagens agressivas e, se precisarmos de contatos, teremos de fazer, mas será minha única solução para essa corrida”, encerrou.

Aleix Espargaró saiu satisfeito da classificação, mas preocupado com Ducati (Foto: Divulgação/MotoGP)

Terceiro colocado na classificação do campeonato, teve um dia melhor que Fabio e, 0s521 mais lento que Bagnaia, vai abrir a segunda fila, em quarto. O catalão não ficou de tudo descontente com o resultado, mas reconheceu que foi um dia tenso, já que temeu repetir as quedas de sexta-feira.

“Foi um dia com muita tensão. Cheguei ao box um pouco esgotado, porque depois das duas quedas de sexta, sabia que era rápido, mas tinha perdido confiança. Não me sentia cômodo e não queria voltar a cair. Por isso, não entrei entre os dez primeiros”, justificou Espargaró. “No TL4, recuperei um pouco de confiança e, para o Q2, tinha uma única bala. Sabia que ou me classificava bem ou não havia nada que pudesse fazer com as Ducati. Dei uma volta bastante decente e quarto está bom, porque das três Ducati estão em outro mundo. Eles são 10 km/h mais rápidos do que eu e Fabio na reta, então o quarto lugar é bom”, avaliou.

Depois de sofrer na Áustria e em Misano, Aleix esperava mais do MotorLand, mas, além das quedas, vê na velocidade da Ducati um ponto de dificuldade.

“É uma pista em que eu tinha a ilusão de lutar pela pole, mas, vendo o nível das Ducati… Nós não passamos de 340 e eles fizeram 350, mais as minhas duas quedas de ontem. Eu estava muito tenso pilotando”, frisou. “Com os pneus da corrida, contornamos a situação, melhoramos a moto e me encontrei com sensações muito boas. Estou contente”, ressaltou.

Questionado se vê a vitória possível em , o irmão de Pol respondeu: “Em termos de ritmo, estou mais próximo, mas é verdade que o consumo de pneus é alto e as Ducati, por terem mais velocidade, podem se dar ao luxo de gastarem um pouquinho menos na fase da aceleração, porque quando colocam a moto reta, têm muita velocidade. Nós não podemos fazer isso. É preciso usar a cabeça e não destroçar o pneu no início da corrida”.

“Creio que temos muito mais lugares para ultrapassar. A minha moto é bastante estável na freada e eu estou bem com o pneu dianteiro com que vamos correr. De manhã, sofri, pois estava frio e não pude montar esse pneu. Os pontos de ultrapassagem não me preocupam. O que me preocupa é não gastar o pneu traseiro”, alertou. “E não será fácil acompanhar as Ducati sem destroçá-lo”, avaliou.

33 pontos atrás de Quartararo na classificação da , Aleix descartou ‘pegar a calculadora’. O titular da Aprilia considera que Fabio é o único que tem essa opção.

“Que calculadora? Fabio é quem pode sacar a calculadora. Eu tenho que ir com tudo, ao máximo e tentar recortar, mas é preciso ser realista, porque as Ducati aqui são muito fortes. Mas eu também tenho muito bom ritmo, então vou com tudo e tentar”, encerrou.

A largada do GP de de  acontece neste domingo, às 9h (de Brasília). O GRANDE PRÊMIO acompanha todas as atividades do Mundial de Motovelocidade 2022.

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